Um dia passeando por aí... Não deixava no meu rosto
esconder...
Nascia quente e descia fria, cada lágrima escorrer...
Às vezes se confundia com a chuva, ou com água do chuveiro...
assim ninguém percebia tamanho barulho aqui dentro...
Tinha sonho de gente grande... e eu era apenas um pingo de
gente!!
Quando eu for grande...
e por horas assim adormecia nas nuvens da minha imaginação...
Quando eu for
grande...
Quase todos os dias essa frase ecoava em meu coração... Precisava
ser grande para realizar os sonhos?
Até que um dia... esqueci de acordar e pelas nuvens ali me
perdi...como se pudesse flutuar...
Era longe daqui, talvez quilômetros de distância, flutuava
por imensas e pomposas nuvens de algodão, como se ali pudesse deixar cada
lágrima escorrida por esse caminho...
Ali não existia espaço para a tristeza e percebi que em dado
momento, estava sendo guiada por uma voz, que não emitia som... Uma voz que
dizia simplesmente assim:
“Por onde andais,
pelos caminhos que traçais... leve um pedacinho de mim e deixe outro seu...”.
Fui guiada por essa voz...
Vi cores de todos os tons... tentei abraçar e não
consegui...
E a voz: “Por onde
andais, pelos caminhos que traçais... leve um pedacinho de mim e deixe outro
seu...”
Aqui ecoava e assim continuava a minha jornada...
Flutuei por lugares apertados, frios e gelados, escuros e
claros...
De cada lugar tentei um pedacinho levar, e sentia um impulso
que por ali eu me deixava guiar...
Até que um dia... numa dessas longas viagens da minha imaginação,
percebi que o tempo não passava, aliás para que existe o tempo?
Alguém respondeu: “Pra
medir sua vida em pedacinhos...”.
“Quem é você?”
“Sou sua consciência,
estou o tempo inteiro com você, dia e noite, noite e dia...”.
“Você tem cobrado
muito a minha presença e tenho estado bem longe do meu coração...”.
Sabe de uma coisa? “A
maior distância que existe é entre a mente e o coração...”.
...
E aí percebi que essa viagem está ficando longa demais... e
resolvi voltar...dessa vez por um outro caminho...
Assoprei nuvens escuras do caminho... clareei meu céu de
azul cintilante, experimentei voar, porque asas eu criei e de tão grandes
deixei me guiar pelo vento...seja para cima ou para baixo e me libertei ao
cheiro da chuva...
Passei por altas montanhas e rastros de terra trouxe em meus
pés...
Vi o rio cruzar com o mar. Bebi água de cachoeira e assim
pude me transbordar...
Entrei em florestas antes não exploradas, conheci todos os
tons de verdes...
Aprendi a cantar a melodia dos pássaros... Salivei com os sabores
de todas as frutas...
Transpirei ao calor do sol... e esfriei à luz do luar...
“Por onde andei, por
caminhos que tracei, deixo pedaço de mim”...
E levo a maior parte
de você!!”
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