terça-feira, 12 de novembro de 2013

Entre reinos, pães e estrelas

Num Reino muito distante, mas não tão distante, quanto o Reino de Godah, vivia um Rei. Tinha uma mente inquieta.
Quando soube que em breve herdaria o maior reino da região de Muito Distante, decidiu conhecer todos os outros reinos, até os da região Muito Perto, arquirrivais de seu Pai. Disfarçou-se de padeiro, pois compreendeu que em uma coisa TODOS eram iguais, TODOS precisavam alimentar-se. ‘Distancenses e Pertencenses’ gostavam de pães, logo dos padeiros.
Por todos os reinos que passava na sua mente falava ‘como isso pode ser útil para deixar meu povo feliz’. Aprendeu a dançar todas as músicas que achava ser útil, aprendeu a saborear todos os pratos que achava ser útil, aprendeu a falar todas as línguas que achava ser útil, aprendeu a negociar todas as coisas que achava ser útil.
Num dos invernos mais invernosos recebeu a notícia de que chegara a hora de assumir o Reino.
Ao voltar, maravilhado percebeu que todas as coisas que aprendera e achava ser útil para fazer seus súditos felizes estavam também presentes em seu Reino. Como ninguém percebia?
Com essa incógnita em mente, começou a olhar para cada um de seus súditos e percebeu que havia algo estranho nos olhos deles. Correu para o alto de uma das torres de seu castelo para olhar-se no espelho e averiguar se em seus olhos havia os fios de seda que enxergou no seu povo.
Perplexo percebeu que era o único com os olhos límpidos e começou a pensar como ele poderia ajudar o seu povo a enxergar os belos tesouros que o reino possuia.
Saiu da sala dos espelhos e correu para a cozinha e pôs para trabalhar suas belas mãos de padeiro. Como ele queria fazer o maior pão de todos os reinos, precisou de ajuda. Começou pela cozinheira real, depois a auxiliar, seguida de todos os moradores do Castelo. Cantarolavam uma música única e muito fácil de aprender. Em breve todos os moradores do reino seduzidos pela música e pelo cheiro do aroma doce no ar, se entregaram aquela canção e juntos enrolaram a massa, prepararam o forno, assaram o pão e o comeram.
Era uma noite como nunca haviam visto, as estrelas no céu valsavam ao som daquela música. A lua tão bela compartilhou os céus com toda espécie de cores e brilhos advindos dos fogos de artifícios que pela primeira vez naquele Reino eram liberados para compor a sinfonia da energia.
Naquela noite quando todos olharam uns para os outros, perceberam que nunca haviam se visto. Perceberam quão próximos daquele céu magnífico eram os seus olhos.
E cada olho era um UNIVERSO com seus sóis, luas, cometas, planetas e estrelas! E em cada olhar iniciava-se uma dança, a dança das seiscentas estrelas que juntas formavam a constelação ‘Primarions’.
Do alto da torre do poder o Rei sentiu-se feliz e deixou-se cair para ser abraçado pelas estrelas.

Acordou com um beijo de sua mãe e tia. Seu pai o aguardava com uma mesa farta de pães e juntos deliciaram-se num belo café da manhã, no primeiro dia da primavera!